Empresas têm investido forte em modelos elétricos, principalmente com a demanda por sustentabilidade; chineses dominam.
As empresas estão mais dispostas a usar veículos elétricos para entregas ou serviços em geral. A adoção dos tópicos de Environmental, Social and Governance (ESG) para elevar os cuidados com as áreas ambiental, social e de governança tem feito as empresas se esforçarem mais para se tornarem sustentáveis. E é aí que os veículos chineses entram.
Sem espaço entre pesados e extrapesados, as chinesas exploram o mercado de furgões e caminhões pequenos com elétricos, tentando oferecer preços mais baixos e se aproveitando das diretrizes de ESG. Atualmente, grupos como DHL, Riachuelo, Lojas Americanas, Coca Cola, PepsiCo e Ambev já têm grandes frotas de caminhões elétricos, principalmente de JAC Motors e Foton.
Além disso, contam com modelos menores como minivans ou furgões. O BYD eT3 é um desses, bastante usado para entrega em grandes centros urbanos. Fora os D1, da mesma fabricante, que invadiu o segmento de aplicativos de carona, e rodam com plotagem da 99 táxi.
A DHL, empresa de logística e entregas, já possui mais de 80 veículos a bateria em sua frota (todos chineses), englobando caminhões e furgões, em um movimento que começou em 2016. “O elétrico é muito mais barato ao comparar o custo do quilômetro rodado. Os nossos primeiros veículos desse tipo estão provando ao longo do tempo que o custo médio na jornada é bem atrativo, mesmo sendo mais elevado o valor da compra. No caso dos alugados, entre 48 e 60 meses a fatura está liquidada”, explica Diego Curtolo, diretor de transportes da DHL.
Anderson Pinheiro, diretor de Transportes da PepsiCo Brasil, também vai nessa mesma linha. A multinacional tem uma frota de 160 veículos elétricos e, embora veja a compra de veículos como parte da estratégia sustentável (sem revelar o tempo em que o investimento se torna rentável), assume que a fatura é alta. “É fundamental tornar o preço mais competitivo, permitindo que mais empresas façam essa transição”, afirma Pinheiro.
É nesse momento que os veículos comerciais elétricos chineses levam vantagem, pois seus preços são mais competitivos, entregando as mesmas condições de trabalho. Enquanto a JAC Motors vende o E-T7, caminhão que leva 8,5 toneladas, por R$ 700 mil, o VW e-Delivery, com capacidade para 6,3 toneladas, parte de R$ 780 mil. E o chinês tem mais autonomia. Tudo isso junto ajuda as empresas a pagar a fatura da sustentabilidade mais rápido.
No geral, os motoristas têm se adequado bem ao uso dos modelos de emissão zero. Tanto furgões e caminhões quanto motos, chineses ou não, têm basicamente a mesma aplicação que vemos em modelos a combustão equivalentes.
Nayanne Costa, motorista da DHL, conta que os elétricos têm suas particularidades e que “os motoristas passam por treinamento para conhecer mais sobre o veículo”, além de realizarem um “planejamento minucioso das entregas levando em consideração a autonomia”, completa. A profissional diz que até hoje não passou por “perrengue”, mas sabe “de casos em que a pessoa não se atentou à autonomia do veículo e teve que aguardar socorro”, revela.
É fato: a autonomia tem de ser respeitada para não ficar parado pelo caminho, o que aumenta o custo e causa atrasos.
Na DHL, por exemplo, há um estudo para usar veículos elétricos. “A autonomia, mesmo de um modelo maior, está entre 200 km e 250 km, então não dá para fazer fretes entre estados. Nesses casos, a DHL usa outros meios e outros combustíveis. Para elétricos, o uso é em centros urbanos”, aponta Curtolo, diretor de transportes da companhia. O uso é no chamado last mile, do centro de distribuição até o destino final.
Anderson Pinheiro, da PepsiCo, complementa afirmando que é necessário desenvolver mais a infraestrutura. “Um dos maiores desafios reside nas distâncias entre os pontos de recarga, por isso é crucial que disponibilizemos no país um número maior e um sistema de carregamento mais rápido”, conclui.
Fonte: Auto Esporte (Globo)