Montadora afirma que opera em ritmo de mais de 1 milhão de unidades/ano na América do Sul.
Se no exterior a Stellantis vive um momento forte de transição, com redução das receitas, controle de estoques e possível cortes em postos de trabalho, na América do Sul a operação da companhia segue o seu curso em águas mais tranquilas.
“Temos uma capacidade instalada de produção de mais de 1 milhão de veículos/ano e estamos utilizando toda ela”, disse o COO da companhia na região, Emanuele Cappellano. A produção a plenos pulmões indica uma demanda local forte e que ainda poderá crescer mais.
“Na América do Sul existe uma proporção de quatro habitantes por veículo. Nos Estados Unidos e na Europa, é de um pra um. Então há espaço para crescer mais e o mercado vem apresentando um crescimento interessante”, completou o executivo.
Nessa busca de mais espaço para vender mais veículos na região, a montadora aposta suas fichas em um processo de diversificação da oferta, inserindo modelos em segmentos onde não atuava antes.
Para citar exemplos mais recentes, a Stellantis aumentou o seu leque de SUVs cupês com a chegada do Citroën Basalt. Semanas depois, chegou a vez de lançar no mercado os primeiros modelos híbridos flex nacionais, no caso, versões dos Fiat Pulse e Fastback.
Com a diversidade de modelos, a crença dentro da companhia é a da conquista de mais fatias em um mercado doméstico talvez mais concorrido e pulverizado do que nunca.
Até outubro, segundo dados da Fenabrave, a montadora deteve uma participação de mais de 26% com as marcas Fiat e Jeep, um porcentual que chega a cerca de 28% quando contabilizadas as participações das demais marcas locais do grupo, Citroën e Peugeot.
O modelo mais vendido no país, por ora, é a picape Fiat Strada. Na categoria de entrada, lidera o compacto Fiat Mobi. Nos sedãs, o líder é o Fiat Cronos. No segmento de SUVs, há três modelos Stellantis no Top 10: os Jeep Renegade e Compass, e o cupê Fastback.
No segmento das picapes, a liderança fica com os modelos Fiat Strada e Fiat Toro.
O quadro mostra porque a fabricante utiliza a capacidade de produção em sua totalidade. E, segundo Cappellano, o ritmo das linhas não seria afetado caso, de fato, as demandas no país exijam mais volumes.
Capacidade produtiva suficiente para a demanda
Acontece que a montadora hoje opera em um arranjo produtivo que consegue envolver mais unidades elevando a velocidade dos processos, e não expandindo a estrutura de produção.
Tanto que o investimento anunciado pela companhia na América do Sul, R$ 32 bilhões, não serão utilizados, segundo a fabricante, em aumento de capacidade produtiva.
Apesar do poder de absorção de mais volumes com a estrutura já existente, a empresa não nega que, hoje, o mercado brasileiro de veículos novos estancou num teto de cerca de 2,5 milhões de unidades por ano.
O que de certa forma contribui para que não haja tanta preocupação em torno da construção de novas linhas de montagem para atender uma eventual demanda crescente.
Sobre o tamanho do mercado interno, a Stellantis parece ter se adaptado para poder registrar resultados positivos com as possibilidades que ele oferece em termos de volume.
“Dá para ser lucrativo em um mercado de 2,5 milhões de unidades. Temos que reconhecer que hoje o perfil do consumo mudou em vários aspectos, em preço, em proposta de produto”, contou Cappellano.
Essa busca por rentabilidade passa por segmentos que, hoje, estão em alta, os quais balizam os futuros lançamentos da companhia na região.
Modelo elétrico Leapmotor em preparação
Afora os novos híbridos que devem chegar em breve à sua oferta, a montadora mira também o segmento de elétricos puros com a marca chinesa Leapmotor, cuja operação comercial será controlada pela Stellantis na América do Sul.
Sobre esse tema, Cappellano disse que a montadora está no momento “buscando o modelo certo” para o mercado brasileiro, que é preciso fazer ajustes para que o modelo Leapmotor esteja preparado para as condições locais.
O que parece ter arrefecido foi a ideia de se lançar no Brasil um veículo equipado com motor a etanol, já desenvolvido pela empresa.
A empresa apostou numa demanda que viria dos grandes frotistas de veículos impulsionada pela agenda ESG. A apetite, no entanto, não se mostrou grande o suficiente para a Stellantis dar o start nesse produto.
“Estamos aguardando o mercado. As empresas demonstraram interesse, mas ainda é um interesse muito teórico”, disse o COO da Stellantis.
Fonte: Automotive Business