Concessionários devem se preparar para um novo comportamento do consumidor

No fim de janeiro, tivemos o privilégio de, mais uma vez, organizar e acompanhar uma comitiva formada por mais de 100 concessionárias e entusiastas do mercado brasileiro de automóveis que foi aos Estados Unidos participar de uma verdadeira imersão nas principais tendências para as concessionárias de lá.

E, claro, de que maneira elas podem ser aplicadas no Brasil. Além de visitas técnicas, em Miami e Dallas, participamos novamente do NADA Show, que este ano foi em New Orleans. Ele é considerado o maior evento global de dicado exclusivamente à distribuição automotiva.

O grande destaque, para nós, foi o momento em que fizemos um workshop exclusivo, organizado pela MegaDealer com o apoio da Auto Avaliar, para mais de uma centena de convidados, com um grande consultor: Steve Greenfield. Ele é o autor de “The Future of Automotive Retail”, e fez uma palestra memorável sobre o Futuro do Varejo Automotivo.

Reflexões sobre a distribuição de veículos no Brasil

Mais especificamente sobre Brasil, Greenfield trouxe uma válida reflexão sobre a nossa relação com o mercado chinês.

Ao questionar, entre os brasileiros presentes, quais trabalhavam com marcas chinesas do segmento de eletrificados, uma parcela muito pequena sinalizou positivamente.

Nesse contexto, ele nos apresentou um levantamento – feito pelo próprio Greenfield com base em dados da Fenabrave – a respeito do nosso país, reforçando a predominância chinesa em nosso mercado interno de veículos dessa categoria: 86% é formado por montadoras chinesas, sendo 74% BYD e 12% Great Wall Motors.

Portanto, ele conclui que muitos concessionários estão apenas “vendo a carruagem passar”, sem pegar carona em uma oportunidade que, no futuro, pode ser ainda mais valiosa.

Afinal, gigantes como a Ford e a GM estão cada vez mais abertas a parcerias com montadoras chinesas. Recentemente, Honda, Nissan e Mitsubishi também apresentaram movimentos de união para medir forças com a potência asiática.

Greenfield enfatizou que, diante dessas mudanças, os concessionários devem se preparar para um novo comportamento do consumidor que, em um panorama mais amplo, inclui ainda aspectos como a digitalização acelerada das vendas e a ascensão da inteligência artificial (IA) para a eficiência operacional do setor.

É preciso desapegar dos estereótipos

A competitividade de cada player neste mercado dependerá da capacidade de adaptação a essas novas tecnologias e tendências globais, o que inclui o iminente domínio chinês nos próximos anos.

No atual cenário é preciso desapegar de certos preconceitos ou estereótipos relacionados ao mercado chinês e seus produtos, principalmente em relação à qualidade do que é ofertado. Afinal, em primeiro lugar, marcas como as já citadas BYD e GWM não estariam no patamar que alcançaram por mero acidente.

Além disso, sabemos que a China é um “planeta à parte” em termos de população, atualmente ultrapassando 1,4 bilhão de habitantes. Destes, “apenas” 350 milhões estão na linha da riqueza, para um mercado que vende cerca de 23 milhões de carros por ano, com um detalhe: por lá, são vendidos mais veículos novos do que usados.

Se o mercado chinês quisesse, hipoteticamente, oferecer uma linha de financiamento para alguns milhões de pessoas já seria suficiente para se consolidar ainda mais no topo deste segmento, sem precisar “invadir o mundo”.

Ou seja, o polo de venda e produção de veículos, em nível global, mudou. E cabe a nós aceitarmos, pois não tem volta – até que uma nova onda chegue e se concretize.

J. R. Caporal é CEO da Auto Avaliar e da MegaDealer

Fonte: Automotive Business

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