A indústria de veículos do Brasil reduziu nesta quarta-feira expectativas sobre o mercado interno e externo para este ano, atingida por problemas que incluem suprimento de peças e logística de contêineres, apesar de registrar demanda firme por parte de grandes clientes como locadoras de veículos e outros frotistas.
A previsão que o setor tinha feito em julho para a produção foi revista de alta de 22% para crescimento de 6% a 10%, para entre 2,13 milhões e 2,22 milhões de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. As montadoras, representadas pela Anfavea, afirmam ter uma capacidade para produzir cerca de 5 milhões de veículos por ano no país.
Já a estimativa para as vendas foi revista, de alta de 13% para o intervalo entre queda 1% a crescimento de 3%, algo entre 2,04 milhões e 2,12 milhões de veículos.
“Tem muito veículo incompleto em pátios de fábrica… faltando pneu e outras peças. Muito difícil fazer uma previsão e por isso estamos trabalhando com dois cenários”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, a jornalistas.
Segundo ele, as novas projeções se baseiam na expectativa do setor de conseguir uma produção no último trimestre deste ano de 160 mil veículos por mês, na pior das hipóteses, ou 190 mil, no cenário otimista. O número de 160 mil decorre da média de vendas mensais entre junho e agosto e o de 190 mil é o volume registrado nos primeiros meses deste ano.
Até o final de setembro, o volume produzido em 2021 somou 1,65 milhão de veículos e o vendido no mercado interno foi de 1,58 milhão.
Moraes afirmou que as vendas de veículos novos no Brasil em setembro foram as mais baixas para o mês desde 2005, somando 155,1 mil unidades, uma queda de cerca de 25% sobre o emplacado um ano antes. A produção do setor no mês passado foi de 173,3 mil veículos, queda de 21,3% ante setembro de 2020.
“Este ano estamos focados em entregar o que já está negociado com grandes frotistas, concessionários e distribuidores na América Latina também”, disse Moraes, afirmando que a situação continuará “desafiadora” no primeiro semestre de 2022.
A indústria global de veículos vem desde 2020 passando por uma forte restrição na oferta de chips, que equipam desde sistemas de entretenimento a de freio e admissão de combustível, por exemplo. Somando-se a isso, o setor também enfrenta restrições na oferta de contêineres para importação e no Brasil um cenário de inflação em elevação e alta de juros, que atinge os financiamentos.
Enquanto a produção de carros e comerciais leves caiu 24,3% em setembro sobre um ano antes, o número de caminhões montados cresceu 46,5%. O de ônibus segue mostrando apreensão do setor transportador, mostrando baixa 38,8% no volume produzido, segundo a Anfavea.
Com a falta de componentes e a fraqueza nos principais consumidores de veículos do Brasil, como Argentina, as exportações de setembro tiveram queda de 22,5% na comparação anual, para 23,6 mil veículos montados. No ano, porém, o saldo exibe expansão de 33,8%, a cerca de 277 mil unidades.
A expectativa da Anfavea para as vendas externas também foi revista para baixo, passando de alta de 20% para crescimento de 10% a 16%, entre 356 mil e 377 mil veículos.
Fonte: Época Negócios | Economia