Susep, que regula o setor, lança nesta terça consulta pública para permitir que proteção seja contratada diretamente pelo motorista, sem vínculo a veículo próprio
A partir do meio do ano, consumidores poderão contratar seguro de veículos mesmo sem ter um carro próprio e acionar o serviço de acordo com a sua conveniência, em locadoras, por exemplo. A expectativa é que a medida beneficie motoristas e entregadores de aplicativos que recorrem a veículos alugados ou a assinatura de longo prazo para trabalhar.
As novas regras serão colocadas hoje em consulta pública pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e deverão entrar em vigor entre junho e julho. Caberá às seguradoras desenvolver e oferecer os novos produtos no mercado.
Hoje, o seguro é condicionado à propriedade do bem. Ou seja, quem aluga veículos precisa necessariamente contratar o seguro oferecido pela locadora, embutido no valor das diárias ou nas parcelas mensais, nos casos de contratos de carro por assinatura.
No novo modelo, o seguro poderá ser contratado para o ano inteiro, o que baratearia o valor o aluguel.
Segundo Rafael Scherre, diretor técnico da Susep, as mudanças estão em linha com o padrão internacional e têm por objetivo retirar as amarras para ampliar o acesso da população ao seguro de veículos. Apesar de ser a modalidade mais popular no Brasil, apenas 16% da frota de veículos no país tinha cobertura de seguros em 2019.
“Estamos criando as condições para que as seguradoras possam desenvolver produtos específicos de acordo com as necessidades dos clientes”, disse Scherre.
A nova regra para seguro de veículos faz parte da estratégia da Susep para desregulamentar o mercado de seguros de modo geral. Ela vem após a introdução da modalidade “liga desliga”, quando o seguro somente é acionado quando o motorista está usando o carro.
Na consulta pública a ser lançada nesta terça, também está prevista a possibilidade de segurar apenas parte do valor do veículo.
Para o presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Antonio Trindade, a medida tem potencial para baratear o custo do seguro, mas o produto continuará sendo precificado de acordo com o perfil do motorista, idade, sexo, dentre outras condicionantes de risco.
O presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Ablas), Paulo Miguel Júnior, disse que será preciso um período de adaptação. Ele citou que ainda não está definido, por exemplo, como ficaria o caso de um cliente que tenha contratado seguro de um carro popular e queira alugar um veículo superior.
“Olhando pelo lado da oferta de produto vai ser muito bom. Porém, eu não sei se o custo dele vai ser viável, entre você acionar um seguro seu ou utilizar o seguro que a locadora já contrata, se o seguro da locadora não seria mais em conta. No primeiro momento, acho que vai ser um pouco complicado”, disse o executivo.
Ele disse ainda não ver problemas para as locadoras porque elas poderão verificar a existência do seguro e as condições do contrato.
Fonte: iG – Economia