
Entenda as vantagens e desafios desse tipo de correia e saiba como garantir a melhor manutenção para evitar problemas no motor.
A correia de sincronismo é um dos componentes essenciais do motor, garantindo o funcionamento adequado das válvulas e do virabrequim. Nos últimos anos, algumas montadoras adotaram a correia banhada a óleo como uma alternativa às correias secas e correntes metálicas, promovendo benefícios como menor atrito e maior eficiência energética.
No entanto, essa tecnologia também exige cuidados específicos para evitar falhas e danos graves ao motor. Consultamos especialistas da indústria para entender os prós e contras desse tipo de correia e como garantir a durabilidade prometida.
Diferente da correia seca, a correia banhada a óleo recebe lubrificação do próprio óleo do motor. “Essa lubrificação reduz o atrito entre os componentes, melhorando o consumo de combustível”, explica Clayton Zabeu, professor de Engenharia Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia.
Além disso, essa correia gera menos ruído e vibração em comparação aos sistemas de corrente ou correia seca, proporcionando um funcionamento mais suave. “A redução de peso também é um benefício importante, pois diminui a massa rotativa do motor e contribui para uma maior eficiência energética”, complementa Danilo Silva, Engenheiro de Aplicação da Motul Brasil.
No entanto, esse sistema também apresenta desafios. A compatibilidade com o óleo lubrificante é um fator crítico. “O uso de um lubrificante inadequado pode acelerar o desgaste da correia e liberar detritos que comprometem a lubrificação do motor“, alerta Zabeu. Além disso, a manutenção precisa ser rigorosa. “Trocar o óleo e o filtro nos intervalos recomendados é essencial para evitar a deterioração precoce da correia”, reforça Silva.
Se a correia banhada a óleo apresentar falhas, isso pode comprometer seriamente o motor. “Uma das principais consequências é a falha na lubrificação, pois os detritos provenientes do desgaste da correia podem entupir a captação de óleo, levando a danos internos”, explica Zabeu.
Além disso, o rompimento da correia pode causar o “atropelamento de válvulas”, uma falha grave que compromete todo o sistema de sincronismo do motor e pode exigir um reparo dispendioso.
Para garantir a longevidade da correia banhada a óleo e evitar falhas no motor, é fundamental realizar a manutenção preventiva. Isso inclui:
Sim, existem alguns sinais de alerta que podem indicar o desgaste da correia. “Um deles é o acendimento intermitente da luz de pressão do óleo no painel, que pode sinalizar restrição na captação de lubrificante”, alerta Silva.
Além disso, a presença de partículas no óleo do motor pode indicar fragmentos da correia, revelando um desgaste acentuado do componente. “Caso esses sinais sejam identificados, é essencial buscar manutenção especializada o quanto antes”, reforça Zabeu.
A durabilidade da correia banhada a óleo depende diretamente do uso do lubrificante correto e da manutenção adequada. “Motores submetidos a condições severas, como altas rotações e cargas pesadas, exigem inspeções mais frequentes para evitar problemas”, explica Silva.
Na prática, observa-se que muitos casos de desgaste prematuro estão relacionados ao uso de óleo inadequado ou a intervalos de troca muito longos. Além disso, o nível de óleo deve ser mantido dentro do recomendado para evitar falhas prematuras. “Não adianta utilizar um lubrificante de alta performance se o intervalo de troca não for respeitado”, alerta Zabeu.
Apesar de exigir mais atenção à manutenção, a correia banhada a óleo oferece vantagens importantes para o funcionamento do carro. “Ela reduz o atrito, diminui o ruído do motor e melhora a eficiência energética“, destaca Silva. Com menor perda mecânica, o motor se torna mais eficiente, o que pode resultar em menor consumo de combustível e redução das emissões de CO2.
Quando a manutenção é feita de maneira correta, a durabilidade do componente pode ser bem longeva. No motor de três cilindros dos Chevrolet Onix, Onix Plus, Tracker e Montana, tanto na versão turbo quanto aspirada, a correia banhada a óleo tem uma durabilidade estimada de 240 mil km ou 15 anos, o que ocorrer primeiro, segundo o manual de manutenção da montadora.
Esse regime mais longo de manutenção direta do componente representa economia na mão de obra e na substituição de peças, já que basta se atentar à troca de óleo para não precisar se preocupar com a correia por um bom tempo.
Conclusão
A correia banhada a óleo traz benefícios notáveis, como menor atrito e maior eficiência energética, mas também exige cuidados especiais. “A escolha do lubrificante correto e a manutenção preventiva são essenciais para garantir sua longevidade e evitar danos ao motor”, reforça Silva.
Apesar de relatos de desgaste prematuro em algumas aplicações, a tecnologia pode ser vantajosa quando utilizada dentro das condições adequadas e com revisões regulares. Para os motoristas, seguir as recomendações do fabricante e realizar inspeções periódicas é o melhor caminho para evitar problemas mecânicos e garantir um desempenho confiável do veículo.
Fonte: Auto Esporte