Fabricantes pressionam o governo brasileiro pela retomada integral da cobrança após investida de marcas chinesas; confira os detalhes.
Um novo aumento do imposto de importação para carros híbridos e elétricos passa a valer a partir de julho no Brasil. A taxação será de 25% para modelos híbridos, 20% para híbridos plug-in e 18% para carros totalmente elétricos.
Este é o segundo reajuste desde janeiro, quando o imposto de importação, zerado desde 2016, voltou a ser cobrado gradualmente. Antes, a taxa era de 12% para híbridos convencionais e plug-in e 10% para veículos elétricos. Veja abaixo:
Imposto de importação para carros elétricos e híbridos
Janeiro de 2024 | Julho de 2024 | Julho de 2025 | Julho de 2026 | |
Híbridos | 12% | 25% | 30% | 35% |
Híbridos plug-in | 12% | 20% | 28% | 35% |
Elétricos | 10% | 18% | 25% | 35% |
Dois novos aumentos estão previstos para 2025 e 2026, apesar da pressão de marcas ligadas à Associação Nacional das Fabricantes de Veículos (Anfavea) pela antecipação da cobrança. O pedido foi feito pelo presidente Marcio de Lima Leite, que alegou que o volume crescente das importações oferece risco à indústria.
“Continuamos reféns das importações. Elas atacam a nossa competitividade, agora e no futuro. Se o Brasil quiser ter um olhar à frente, ser um grande competidor, precisamos analisar as importações com viés de preocupação. Este volume crescente hoje é um risco para nossa indústria”, disse Leite, durante o Seminário AutoData.
Diversas fabricantes se anteciparam ao novo aumento do imposto. Uma delas é a BYD, que trouxe um navio cargueiro com mais de 5,5 mil carros em maio para reforçar o seu estoque. Modelos que já estão em solo brasileiro não pagam o novo reajuste.
Vale lembrar que a decisão de passar o imposto integral ao consumidor é da própria fabricante. Durante a retomada da cobrança em janeiro, diversas marcas seguraram os preços de seus carros híbridos e elétricos para que não ficassem mais caros.
Brasil ainda não produz elétricos
A indústria brasileira ainda não produz carros elétricos. Até o momento, apenas os modelos Toyota Corolla e Corolla Cross são feitos localmente com motores híbridos, em Indaiatuba (SP).
Mais de R$ 80 bilhões já foram investidos no setor apenas em 2024. Apesar do montante, deve levar algum tempo até que os próximos híbridos nacionais das grandes marcas apareçam. Uma aposta da Stellantis é o motor micro-híbrido, que será apresentando ainda em 2024. Estes conjuntos menores não têm grande impacto na eficiência energética em comparação com modelos híbridos plenos e plug-in.
As marcas chinesas também estão mais avançadas neste sentido. Ainda em 2024, a Caoa Chery vai produzir o Tiggo 8 híbrido em Anápolis (GO) no regime CKD. As peças serão importadas da China para que o SUV seja montado, pintado e finalizado no Brasil.
A GWM, por sua vez, confirmou o início da produção de modelos pré-série do Haval H6 em Iracemápolis (SP). O SUV híbrido nacional deve chegar às lojas apenas no primeiro trimestre de 2025.
Marcas tradicionais investem nos híbridos
Além da Stellantis, que terá modelos micro-híbridos nacionais ainda em 2024, outras fabricantes aceleram seus planos de desenvolvimento. Volkswagen e Renault devem ser as próximas a apostar na categoria, em meados de 2027.
No ano seguinte, a Honda vai lançar o seu primeiro carro híbrido nacional, que também terá motor flex. A Chevrolet anunciou planos de produzir motores híbridos no Brasil, mas não deu prazo para que isso aconteça.
Fonte: Auto Esporte